sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TEXTO REFLEXIVO SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS

O trabalho com gêneros de texto na escola é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia.  Pois nada do que fizermos linguisticamente estará fora de ser feito em algum gênero”.
                                                                                     ( Marcuschi)

Gêneros Textuais? Inventaram um novo modismo? Retrocederam a fita e estacionaram na “Semana de Arte Moderna”, onde tudo terminava em “ismos”?
Se fôssemos a reencarnação de Monteiro Lobato seria coerente pensarmos  assim, todavia estamos em pleno século XXI e os “ismos” perduram até hoje, demonstrando que nossos “desvairados escritores” deste período, estavam “loucamente lúcidos”.
O mesmo acontece com os Gêneros Textuais que até a pouco tempo, o ensino de produção de texto ( ou redação) era feito como um procedimento único e global, como se todos os tipos de textos fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades e características que os diferenciassem e, por isso não havia necessidade de se exigir aprendizagem específica.
A fórmula de ensino de redação, ainda hoje, praticada em muitas escolas brasileiras – consiste fundamentalmente na triologia , não a triologia do “Tempo e o Vento” de nosso querido escritor gaúcho Érico Verríssimo, mas na triologia “narração, descrição e dissertação”. Além disso, essa concepção carrega consigo  uma visão equivocada de que narrar e descrever  seriam ações mais “fáceis” e que deveriam fazer parte dos referenciais curriculares da 5ª a 8ª séries (ou 6 ao 9º anos) e que a dissertação por apresentar uma gama de dificuldades mais elevadas e de difícil assimilação, era reservada ao Ensino Médio.
Os Gêneros Textuais hoje são portas abertas para a comunicação.
Sabemos que a necessidade de haver comunicação entre diversos povos e suas culturas não é de hoje. Então, para que esse fenômeno ocorresse, foi-se necessário modificações não só na postura do homem em relação ao mundo que o cerca, mas também dele posicionar meios para que o ato da comunicação seja facilitado e, principalmente, usual. Para isso, estudiosos, em distintas épocas, foram encontrando esses facilitadores em nomenclaturas teóricas a respeito da textualidade, até chegar à proposta de Gênero Textual.
E faça-se a “Luz” – ordenou “Deus” e nasceram, cresceram, estudaram, pesquisaram, os sóis chamados Marcuschi”, “Bronckart”, “Travaglia”, “Schneuwly”, “Dolz” entre outros; que  dedicaram anos de estudo e pesquisa para que hoje pudéssemos ter  clareza e competência para discernirmos Gêneros Textuais de Tipos Textuais. Sabemos que nada é estanque ou existe isoladamente, como diz Marcuschi “...nada do que fizermos linguisticamente estará fora de ser feito em algum gênero.”
O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão, interpretação e produção de texto, pela perspectiva dos Gêneros, torna distinto o verdadeiro papel do professor de Língua Materna hoje, não mais visto como um especialista em textos literários ou científicos, distante da realidade e da prática textual do aluno, mas como um especialista nas diferentes modalidades textuais, orais e escritas, de uso social.
O bom texto não é aquele que apresenta, ou só apresenta características literárias, mas aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzido , ou seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o nível de língua estão adequados ao interlocutor e podem cumprir a finalidade do texto.
Acredito que abordando os Gêneros Textuais, a escola estará dando ao aluno a oportunidade de se apropriar devidamente de diferentes Gêneros Textuais, socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da interação humana, percebendo que o exercício da linguagem será o lugar da sua constituição como sujeito. A atividade com a língua, assim, favorecerá o exercício da interação humana, da participação social dentro de uma sociedade letrada.

2 comentários:

  1. Amiga, como sempre você me surpreende! Através do seu texto além de nos favorecer uma intertextualidade absoluta, lemos e entendemos perfeitamente o que desejou expressar em uma linguagem bem clara. Quando crescer quero ser igual você. Bjim

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  2. Oi Sônia,
    Que lindo texto!
    É preciso entender bem o papel do professor de língua portuguesa a partir dessa nova metodologia, o sociointeracionismo muda a perspectiva, o olhar o sujeito sobre o objeto e faz com que o nosso trabalho com a língua se torne mais significativo e interessante.
    Um abraço
    Tamar Rabelo

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